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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Musica - Resposta - Skank



Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
O também o que nos juntou...
Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou
Dos versos que eu fiz
Ainda espero
Resposta...
Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...
Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...
Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante........
Composição: Samuel Rosa / Nando Reis

Quem disse que não existe poesia nesta música do Skank? Penso de outro modo. Acho os versos de Resposta, muito tocantes. Por isso a escolhi para postar neste Blog.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Oscar Wilde





Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que afantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos,
para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade"
é uma ilusão imbecil e estéril.

sábado, 8 de maio de 2010

Poesia













Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Uma pequena homenagem para três mulheres super especiais. Zuleide, Rose, e Maria de Lourdes, as respectivas mamães do Well, da Sil e da Helia, idealizador e colaboradoras do Blog Pau de dar em doido.

À minha mãe...


Minha mãe estou distante,
Mas em mim nada mudou.
Conservo em meu coração
Lembranças do que passou.
Do lado esquerdo do peito
Guardo carinho e respeito
Que você, mãe, conquistou.

Lembro-me com saudades,
Daqueles tempos antigos.
Eu menina astuta e levada
E você brigando comigo.
Quantas surras eu levava,
E aí era que eu aprontava
Não tinha medo de castigo.

No fundo eu bem sabia,
Que tinha sua proteção.
Os castigos e as surras
Soavam como correção
Em cima desta menina
Que mesmo tão traquina,
Tinha um bom coração.

Saudades sinto muitas,
Ás vezes fico perdida.
Tentando em vão imitar
O sabor de sua comida.
E daquela boa comidinha...
Nunca mais sua Dalinha
Vai esquecer nessa vida.

Você já passou dos oitenta
Mas ainda briga pela vida.
Seus ombros estão arreados,
Anda um tanto esquecida,
Mas ainda faz versos e canta,
E por tudo isso me encanta,
Minha velhinha querida.

Hoje também sou mãe,
Tenho minhas obrigações.
Somente agora entendo
As suas preocupações.
Pois pelos filhos que pari
Já chorei e também sorri
Em tempos de emoções.
(À minha mãe - Dalinha Catunda)

Minha querida amiga Dalinha Catunda é cordelista de primeira! De Ipueiras, Ceará, traz essa sua arte, seu talento e sensibilidade, para nos brindar e emocionar...

Visite o blog dela e delicie-se com seus escritos e suas belas imagens!

Conheça o Cantinho da Dalinha...

Certamente você aprenderá a admirá-la, como eu!

^^

Feliz Dia das Mães a todas as mães e a todos os filhos!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Poesia













Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo em que acreditam.
Elas levantam-se para a injustiça.
Elas não aceitam "não" como resposta
quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos
para as suas crianças os poderem ter.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando as suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem acerca
de um aniversário ou de um novo casamento.

  Pablo Neruda

sábado, 1 de maio de 2010

OS POEMAS QUE NÃO TENHO ESCRITO


Os poemas que não tenho escrito
                                                 porque
trabalhando num banco me interrompiam a toda hora
ou tinha que ir à venda e à horta
                      — quando o poema batia à porta,
os poemas que não tenho escrito
                                                 por temer
descer mais fundo no escuro de minhas grotas
e preferir os jogos florais
                 de uma verdade que brota inócua,
os poemas que não tenho escrito
                                                porque
meu dia está repleto de alô como vai volte sempre obrigado
e eu tenho que explicar na escola o verso alheio
quando era a mim próprio
                                     que eu me devia explicado,
os poemas que não tenho escrito
                                                porque gritam
ou cochicham ao meu lado
                        ligam máquinas tocam discos e ambulâncias
passam carros de bombeiro e aniversários de criança
                                   e até mesmo a natureza solerte
se infiltra entre o papel e o lápis
                          inutilizando com sua presença viva
                          minha escrita natimorta,
os poemas que não tenho escrito
                                                                    porque
na hora do sexo jogo tudo para o alto
e quando volto ao papel encontro telefonemas e prantos
a exigência de afetos, planos e reencontros
me deixando lasso o pênis e um remorso brando no lápis
esses poemas que não tenho escrito
como um ladrão escapando pelas frestas
ou covarde devorado por seus medos
                                                     e persas
esses poemas que não tenho escrito
                                                      esses poemas
estão lá dentro
                      me espreitando
alguns já ressecados
                               outros ressucitando
outros me acudindo
                             muitos me acenando
                                                            batendo à porta
                                                            — me arrombando
                             me invadindo a sala
                             com falas corretoras
                             enciclopédias e planos
esses poemas estão lá dentro
                                            latentes
                                            me apertando
                                            atando
                                            sufocando
e qualquer dia me encontrarão
                                            roxo e acuado
                                            senão boiando e afogado
— numa sangria de versos desatada.


Affonso Romano de Sant'Anna